Veja um grafo dos poemas de Giulia Crescenzi de Freitas
Por que virou antes? Continuei quieta por eras quis preservar a dignidade acabou custando a Vida A fumaça queima a garganta fechada a Cigarra beija minha alma perdida nunca quis ser jovem preferi passar a infância flertando com a cova abracei mais árvores que gente transei para me procriar interpretei O futuro sobreviver virou fetiche O corpo que viu crescer te excita isso não te assusta me lambe em seguida crucifica odeio tanto meu corpo poluído Não devia ter confiado outra vez, queria ser a madura cai do pé cedo demais não vejo prejuízos no duelo com o sangue no chão do banheiro pelo menos fiz ele chorar sem o espelho que empresta o Reflexo terá que pagar por terapia
Estou cercada de imbecis Tentam sentir menos para escrever demais Seus pensamentos rimam mas são cultos para batalhas de rap Regando a tristeza para que ela cresça no passado E faça sentido para quem pegar o papel Escrevem ousadias mas batem panelas na revolução Precisam de sangue e pena para poemas grandiosos Sem nem ter o que escrever Colocam versos por alívio De querer ser escritor Mas quando se lê Nada diz Fazem o simples parecer complicado Eu odeio poetas Todos eles Não me chame assim Sinto desgosto Não sou boa nem quero ser Nem fumo cigarros para dar charme Quando digo isso me respodem: "Por que Clarice?" Não sou Clarice estou falando do meu túmulo Mas não estou morta Morri daqui um século E me recusarei até lá De parar de digitar poemas no celular Ou de fingir que minha escrita é refinada Não tenho dúvidas do porquê de continuar Sou uma escritora que não quer pensar Me questino Por que quero tanto compartilhar?
Há um livro a menos na estante Nela ainda há vários outros Romances, tragédias e contos Mas continua com um buraco Onde havia o livro que sumiu da estante Clássico sobre o ato da escrita Me conquistou à primeira vista Porém me encontro míope Quando não o percebo mais O buraco que preenchia é limitante Ninguém nota o que falta Nem mesmo o que há Não queria esse triunfo de ver Muito menos ser a dona Da maldita estante que Um livro a menos nela há
eu sai com um cara que me disse que não é triste a última vez que chorou foi há um ano atrás quando o cachorro perdeu as bolas não sei como consegue ou acha isso bom me sinto superior por ter esperneado hoje de manhã porque as linhas não se encaixavam quebrei meu lápis enfiei na minha mão e sou bem melhor que ele por isso ele até nem beija tão bem