Veja um grafo dos poemas de Beatriz DI Giorgi
Preciso de ar. Faço questão de poder fazer a questão que eu quiser e obter respostas . Tomo cuidado e evito ferir com minhas questões infinitas e as vezes cítricas. Quero horizontes Preciso de luz Faço questão de responder a questão alheia até meus limites até a dor na cicatriz. Tomo cuidado e evito que meus limites fiquem curtos e aprisionantes. Quer horizontes. Tomara que esse fogo todo não acabe comigo e com meus desejos Que tenho medo de realizar.
Reminiscências do útero Nossa história é parecida. Tornei-me pessoa na água e desde então vivo do ar, vivo no ar. A vida é uma onda gigante ora se espalha, ora retrai. Ora a vida me leva, ora levo ela. minha presença não faz diferença, exceto quando o centro da terra balança como um acalanto uterino, quando não respondo por mim.
GRAVIDADE Acordo de ponta cabeça e sinto o tamanho da gravidade. Sem disfarce possível a época é grave, sisuda, preocupante. A gravidade, força de atração em si, tende a nos escravizar. Paradoxo em sí, gravidade, em sentido bíblico, se apresenta sincera e realizadora de obras. Que obras? Em plena e desconhecida gravidade, atraída para o centro, sinto-me engravidada do novo. Que vingue a vulnerabilidade, que vingue a leveza como resposta, como ciclo. Que dias leves e graciosos venham como filhos e filhas dançantes e risonhas da gravidade. Que venham com o vento!
Quando meu tio punha o Dorival na vitrola eu vibrava. Assim aprendi admirar o mar. Mas não entro fácil nos navios e os encontro pela narrativa transformada em lembrança. Os navios que trouxeram meus bisavós eu admiro. Admirar é bom, mas amar é melhor. Minha mãe amava e admirava o mar transparente. E amo boiar no raso do mar e só assim posso admirar o que é externo E alheio a mim. Assim é o caminho de amar como uma onda despretensiosa no mar, que me delicia lembrar.