estou aqui Toca a cantarola Coelhos saem da toca Meus amigos estão azuis Quem são eles? Isso é um peixe Ou é um avião "Você está linda hoje" "Me emprestar seus olhos" O rinoceronte ri Enquanto me empurra pro coqueiro Não entendo o que tanto vê Nessas bainhas de gordura Que tanto lambe Seriam minhocas no meu cabelo? Coça, eu queria coçar Mas meus braços brincam com o rabo do moço "Quem é você??" Doido maluco Corro mas o abismo tá perto Preciso engatinhar Me arranho nos espinhos Não Pernas Onde eu estou? Eu quero ir pra casa Lar de ninguém Prefiro hospitais Gosto de ser cuidada Posso ficar nessa grama? Está tão macia Parece pele Parece abraço Lembra algo que nunca conheci De grandes três portas Onde todos sabem o hino nacional E são engomadinhos Tagarelas Queria ser menos tagarela E falar mais Nesse lar talvez Um dia Seja quem quer que seja eu?
A Sede Infinitiva Fulminante, quando não pólvora Enraizante, que não um sorriso Gasta como todas as metáforas Instante em que me reviro Sem ver ou ter onde transpô-lo Este imenso adentro me ocluindo Mais que engasgo ou enjoo Ácida falha, a busca de curar isto Como quem aponta a ponta Da flecha curva ao próprio íntimo E, ainda assim, beirar certo alívio. 05/06/2021 - Salvador, BA
As vezes você só precisa de um tempo pra pensar Um espaço para analisar E simplesmente ficar Sem solução Sem problemão Sem espaço Sem tempo Sem vida Sem batidas no coração Sem sangue pulsando Sem pulmões respirando Sem receber impulsos nervosos Se é que me entende Preciso de um tempo com uma amiga Só uma amiga Uma antiga conhecida Que já levou parte da minha família Se é que me entende Entende?
Deixa-me te amar Deixa-me te amar, Como a suruma ama seu fumador, E vai cantando entre os ares, Fuma-me, sinta-me fluir em seu corpo, Deixa-me chegar a sua alma, Deixa-me tocá-la e mexer seus sentidos Deixa-me te amar, Deixa-me vaguear nessa dor, Dor tristonha de amar o odor, De seus passos e suas vestes, Oh como cheira-me suave, Sim, deixa-me amar-te love, Deixa-me segurar tua mão, E levar-te comigo nesta canção Deixa-me te amar, Todo sombrio amando tuas sombras, Teu feitiço, teu delírio, Deliras tão silenciosa, Caminhas toda pretensiosa, Bela e cheia de realeza, Oh o mundo gira aos teus pés, Mulher, teu feitiço é forte Teus olhos tem poder Deixa-me te amar, Sorumbático? Ou melancólico? Amo-te bebendo o álcool Pura bebida, seca dos sentimentos, Deixa-me embriagar na bebida, Deixa-me fazer a história, Queira ou não, continuo na escória Te amando em cada santo dia Podes por favor, dar a este mendigo, Algumas migalhas de sua atenção, Já que o seu coração, É demais para ele, Deixa-me te amar, Liberte-me dessa censura, Meu coração te mesura, Te ama com tanta fervura, Senhora, deixe teu servo tocar seus pés, Lavá-los com eterno amor, E limpá-los com terna sinceridade.
Sou quem sou Mas não sei quem sou. Sou Eu Quem? Sou... Sentimentos, emoção Razão, sonhos... Decepções, alegrias, Certezas, desejos. Desejo de saber quem sou. Sou quem busca saber, conhecer, descobrir A essência de ser. Busco o âmago da VIDA e somente aí saberei quem de fato sou. Mas quando o desvelo se der já não serei. Sou quem sou.
Em memória do poeta paulistano Alberto Gattoni Alberto, decididamente, não era um sujeito fácil. Se contrariado, mandava logo um Manuel Bandeira e, de peito estufado, trinava: - Nada como um modernista para quem não gosta de levar desaforo para casa! Alberto era valentão, não há dúvida. Se chamado para a briga… cruzes... não tinha meio termo, era violento: Sacava ligeiro um Drummond e mandava ver…só pena que avoava... Alberto não tinha compaixão, ah, Alberto! Quando desafiado numa querela, afiava sua Lispector e não havia Clarisse que pudesse contê-lo. E nem Cecília e nem Meireles. Mas, diga-se a verdade, Alberto era um romântico. Colecionava Bilacs e Vinicius, aos montes. Regava todos os dias. E sempre que sua paixão por ele passava, Alberto Cora, Coralina, Corava.
Quem consegue enxergar além da matéria, enxerga perfeitamente a essência da alma de cada ser.
O corpo é só um corpo O corpo não é amor Aceitar que é assim e pronto Aceitar e saber onde pôr: Onde pôr o corpo que não tem mais vida, Onde pôr a vida que não tem amor. Onde pôr o amor que o corpo convida, Quando ganha corpo a dúvida, senhor?
Tentativas frustradas de retirar o anel do dedo arroxeado A menina e sua arte silenciosa Mãe e crianças assustadas sabão e novas tentativas decepção impotentes socorristas domésticos desespero Até que... o hiperativo teve uma ideia alicate de unha corte do anel - a solução - Anel cortado problema resolvido dedo recuperado Sustos normais
Reminiscências do útero Nossa história é parecida. Tornei-me pessoa na água e desde então vivo do ar, vivo no ar. A vida é uma onda gigante ora se espalha, ora retrai. Ora a vida me leva, ora levo ela. minha presença não faz diferença, exceto quando o centro da terra balança como um acalanto uterino, quando não respondo por mim.
Tenho um rosto sou sete faces como gato caço rato e vivo em sapato. Vivi pouco passei por bocados vivi pouco, e teria vivido menos ainda caso o vento voltasse a norte. Dentre veias e artérias sou sangue puro dos guerreiros de família Mas sangue puro é sangue velho E sou inocente, corpo discente que não faz em esmero. Em músculos fortes sou coração fraco. Mas caso queira um petisco saiba que não sou quem gostaria matutei; roubei tempo do sono e sofri em devaneio tentando descobrir quem preferiria de ser Pois poeira voa em ventos certeiros e eu sobrevoo boatos alheios.
Nascemos sonhando, crescemos sonhando. Vivemos a vida inteira sonhando, lutando e realizando . São os sonhos que dão sentindo a nossa existência. Sem eles não faz sentido viver, é preciso lutar com vigor e de corpo e alma por aquilo que faz o teu coração e alma gemer. Não existem sonhos estranhos e impossíveis, o que existe são mundos e realidades diferentes, dentro de cada ser , por isso lute sem temer para o ser o melhor para você!
ESTRANHAMENTO Estranho, quando amanhece, O estalo do meu joelho. Como se eu nada soubesse, Me estranho, também, no espelho. Estranho acabar o dia, Como se tudo existisse. Penso que a vida é tardia: Sou o coelho da Alice! Estranho quem reconheço, Nas fotos e nas mensagens. Estranho um novo começo Com os mesmos personagens. Estranho a palavra doce: Chega-me como um zumbido! (Estranho, como se fosse, Tudo o que eu já tinha ouvido).
não dar nomes as coisas mas tentar: criar palavras para descrever o deitar do sol no rio imaginar o que as maritacas fazem no topo das árvores quando se encontram alvoroçando a linguagem enxergar o rio pingando no céu e fazendo das nuvens relvas contar as libélulas que pairam no tempo perceber que suas asas são douradas talvez roxas desconfiar que o horizonte termine em algum lugar desenhar um poema de (in)finitude imaginar que na verdade tudo isso está no ponto convexo das descrições permanecer no inverso.
Há um livro a menos na estante Nela ainda há vários outros Romances, tragédias e contos Mas continua com um buraco Onde havia o livro que sumiu da estante Clássico sobre o ato da escrita Me conquistou à primeira vista Porém me encontro míope Quando não o percebo mais O buraco que preenchia é limitante Ninguém nota o que falta Nem mesmo o que há Não queria esse triunfo de ver Muito menos ser a dona Da maldita estante que Um livro a menos nela há
Um olhar tão amoroso O abraço aconchego Um controle do alvoroço De um coração sem medo Ouvir sua voz durante os dias Ver sua face contaguante Acalento pro coração Mesmo fisicamente distante Referencia do amor De suporte, de carinho Faz mais leve minha dor Coração menos vazio Semore história pra contar Ou conselho relevante Ela ensina o que é amar Um troca tão constante Sua risada tão gostosa Que colore o meu ver Sua alma piedosa Intensidade de querer bem
Sinto muito… Sinto ódio, rancor Tédio, pavor do brilho de uma flor Medo da dor, Do prazer do verdadeiro amor Eu sinto o fardo dos oprimidos Os bastardos, os excluídos Mas também sinto alguma angústia Algumas dúvidas, Será que a paz vai bater em minha porta? Será que as barragens da vida trazem comportas? Sinto muito, Sinto o fim do mundo Sinto o peso do submundo Eu sinto muito, Sinto o escuro do cego O silêncio do surdo Quieto como se eu fosse mudo Irmão, sinto muito… Sinto pela perda dos nossos heróis Sentado na praça dos heróis Eu sinto muito, São sentimentos do tipo tormentos Fundamentos sentidos sobre os meus sentidos Sinto muito… Na verdade, Eu sinto que na verdade, Fundamentalmente não sinto nada Sinto um vasio literalmente nadando em nada No panorama da minha existência Dentro da conferência Entre a lógica e a minha consciência Há também abundância de violência Desculpe, eu sinto muito!...
Digo que não vou te escrever. Não mais. porque meu coração está com medo. Digo-lhe que parto. que vou embora. Digo alto e claro: eu não devia e não podia. Mas minhas palavras já não valem nada. porque minhas promessas se dissipam e morrem. porque estou sendo guiada por algo que eu não entendo e temo. por algo que foge das justificativas e ilusões. foge e me escapa. foge e me bate. Te escrevo, amor, mergulhada no fogo de uma paixão que renasceu estremecendo tudo. porque no passado ilógico do tempo eu te amei. só que agora, esse passado já não me parece mais tão distante assim. Olhe para mim, amor veja como queimo veja que sou fogo. Queimo na intensidade das palavras que te escondo para te mostrar em um futuro nosso. Não. Tudo o que te escrevo é ilícito e impuro: recaindo em uma infinidade de pecados e loucuras, mas eu continuo. Continuo, porque te quero e isso vence o puro logismo de nossos dias. Então foge. Foge, amor, que te persigo. Foge, entre nuvens e poeiras, que te aguardo. Mas torço, para que em cada uma de suas corridas e escolhas você dê de frente para esta mulher que te escreve. Rezo para que em cada uma de suas fugas, você me encontre despida. Para que em cada escapatória sua, eu surja. Mas ainda sim, desejo que você você fuja. preciso que você fuja. preciso que corra. Corra desse amor impuro. Corra desse amor renascido do pecado. porque eu não fugirei, amor. porque eu não tenho forças. meu desejo me persegue. Fuja, amor, porque sou tua. Fuja antes que nossos corpos queimem. Fuja. Fuja sabendo que te quero ou fique e queime comigo.
Voltei a Israel e encontrei algumas mudanças Mas será que foi mesmo Ela que mudou ou será que fui eu? Voltei para o Meio do Mundo No ponto de intersecção entre o novo e o velho Existe um cheiro no ar Um cheiro que não sei o que é, nem de onde vem, mas que só Ela tem Já procurei, mas não encontrei Não é um cheiro que se encontra para vender É o cheiro do ar, Do mar, Das águas, Do suor Mas dessa vez eu quase não senti o cheiro Ele estava discreto, escondido entre suas ruínas Eu não gosto de deixá-la e nossa despedida é sempre muito triste Mas eu sempre volto Eu nunca sei quando será a próxima vez Mas eu sempre volto para o Meio do Mundo Para o Meio Oriente Para o Oriente Próximo Que eu gostaria que fosse mais próximo Mas quando ela precisa de mim eu cruzo mares, montanhas e desertos para vê-la A minha Israel
Que luzes são essas, que refletem de ti? Refletem das frestas, de teu coração. Resplandecem em teus dias, Brilham na noite, Vê-se ao longe, o brilho da luz, Absorve, transpassa, vibra, Com intensidade tamanha, Que aos olhos de quem vê, Ofusca! De quem é cego! Percebe-a! Que luz é essa? Que luz! 2-Orvalho Serena a alma que se deleita, Com a pureza do orvalho da saudade, Pétalas que se desprendem, Com pequenas gotas, Libertando-se ao vento. Perfumes intensos Com que percebe a existência, Fica indelével, suave. Como se pura fosse. Soberano, Livre e sensível. Este é o sentimento da alma, De que sutil é a natureza.