Por você perdi as palavras, o sossego, perdi o fôlego. Você tirou minha paz, meu controle, meu logismo, a praticidade rude das minhas ações. Você chegou e me entregou tudo. Me tirou tudo. Bagunçou a racionalidade sufocante da minha vênus capricorniana. Por você deixei pra trás o meu silêncio, a angústia incessante de não dizer. Por você eu tomei coragem, fui imperatriz e soldada. Desbravei minha vênus, esqueci meu ego, meu orgulho, minha farsa, meu jogo. Por você deixei para trás o medo. Me entreguei para o medo. Gritei com o medo. Fui o medo. Deixei o medo. Por você eu engoli a racionalidade astral e fui inteira água. fui inteira sua. Por você perdi as palavras, me entreguei ao desconhecido, ao indizível, à incompreensão incessante do sacrilégio. Por você eu fui inteira, fui humana. Perdi a sanidade, perdi o sentido. Por você me entreguei ao abismo, ao lirismo agudo, à ética poética, aos contos azulados, me entreguei ao misticismo. renunciei tudo o que era passível de lógica, renunciei meu temperamento inconstante, minhas falas imprecisas. Por você eu gritei, redigi cartas de amor, rasguei as cartas de amor, escrevi de novo as cartas de amor. Tomei coragem e te entreguei cartas de amor. Por você eu quis ser uma, quis ser duas, quis ser mais. Por você eu quis mais, sempre mais. Por você eu quis tudo.
Deixa-me te amar Deixa-me te amar, Como a suruma ama seu fumador, E vai cantando entre os ares, Fuma-me, sinta-me fluir em seu corpo, Deixa-me chegar a sua alma, Deixa-me tocá-la e mexer seus sentidos Deixa-me te amar, Deixa-me vaguear nessa dor, Dor tristonha de amar o odor, De seus passos e suas vestes, Oh como cheira-me suave, Sim, deixa-me amar-te love, Deixa-me segurar tua mão, E levar-te comigo nesta canção Deixa-me te amar, Todo sombrio amando tuas sombras, Teu feitiço, teu delírio, Deliras tão silenciosa, Caminhas toda pretensiosa, Bela e cheia de realeza, Oh o mundo gira aos teus pés, Mulher, teu feitiço é forte Teus olhos tem poder Deixa-me te amar, Sorumbático? Ou melancólico? Amo-te bebendo o álcool Pura bebida, seca dos sentimentos, Deixa-me embriagar na bebida, Deixa-me fazer a história, Queira ou não, continuo na escória Te amando em cada santo dia Podes por favor, dar a este mendigo, Algumas migalhas de sua atenção, Já que o seu coração, É demais para ele, Deixa-me te amar, Liberte-me dessa censura, Meu coração te mesura, Te ama com tanta fervura, Senhora, deixe teu servo tocar seus pés, Lavá-los com eterno amor, E limpá-los com terna sinceridade.
Tentativas frustradas de retirar o anel do dedo arroxeado A menina e sua arte silenciosa Mãe e crianças assustadas sabão e novas tentativas decepção impotentes socorristas domésticos desespero Até que... o hiperativo teve uma ideia alicate de unha corte do anel - a solução - Anel cortado problema resolvido dedo recuperado Sustos normais
O que é se perder em comparação a uma guerra? O que é o furto perto da corrupção? O que é desertar quando o errado é a lei? O que é se rebelar quando já não se tem outra opção? O que é resistir quando já não se tem mais para onde ir?
Fumar traz vida Teu olhar Minha jovem Gera morte. Em alucinação eterna. Paranóia patológica Plantarei cigarros No pulmão eternamente. Não quero Morrer. Droga de olhos. Se pudesse Os tiraria De mim. Jogaria-os Fora. Caixão ao mar Sem direção. "Viva la vida" Me salvaria.
Quando eu chegar, Quando tu existires, Quando ele partir... Nós tempo seremos. E a vida acontecerá... Pelas esquinas disformes das estações, Pelos anos displicentes que já se passaram, Pelos anos escassos que ainda nos restam, Pelos caminhos íngremes e tortuosos à frente, Pelo desalento diante da pandemia insistente, Pela marcha incansável do ser. E a vida se espalhará... Pelos campos floridos a desabrochar, Pela relva úmida a cada amanhecer, Pela natureza verdejante a pulsar, Pelo abraço amigo a acarinhar, Pelas estrelas e a lua a brilhar, Pela suave brisa do tempo a soprar... E a vida compensará... Pelos sonhos, tão sonhados, realizados; Pelas glórias, tão esperadas, alcançadas; Pelo doce, tão doce, sabor do aprendizado; Pelos encontros, tão ternos, no caminho do amor; Pela cura, tão desejada, do corpo e da alma; Pelas histórias, tão nossas, gravadas no eterno. E assim, pela vida nós passaremos...
Não! Por qual razão? De fato ser responsável por aquilo Que por desatino qualquer cativo Esboce o planetário pesar Que uma pobre flor na praça Haveria de ali carregar Por cada passante assediada Em plena luz do dia Em pleno Sol do meio-dia Talvez por essas leve sou Se a mim tudo fascina Já esfacela murcha a flor Vítima de sua beleza nociva Cessa sem dono ou nome Na terra da qual brotou, some Da luz que viu, pura cobiça Se menos majestosa fosse Perdida entre rosas e Adônis Estaria viva, mas quem a lembraria Em versos de aroma eterno? Breve mártir de memorável sina. 23/06/2020 | Salvador, BA
E Vós nos perdoastes dos pecados E fostes verdadeiro Salvador Aquele que medica pecador Agora com os passos norteados Outrora percorremos afastados Vencestes o que é sabotador Vencestes o traiçoeiro tentador Fizestes corações glorificados Enquanto o Salvador nós acudia O nosso contendor aniquilado A nossa salvação contrataria Com sangue provedor crucificado Com tudo por função da rebeldia Outrora do pecado consumado
Sou quem sou Mas não sei quem sou. Sou Eu Quem? Sou... Sentimentos, emoção Razão, sonhos... Decepções, alegrias, Certezas, desejos. Desejo de saber quem sou. Sou quem busca saber, conhecer, descobrir A essência de ser. Busco o âmago da VIDA e somente aí saberei quem de fato sou. Mas quando o desvelo se der já não serei. Sou quem sou.
Barriga chapada Cabelos compridos Corpo magro E braços finos Além de carregarmos inúmeros problemas Criam novos pras nossas pequenas Mulher sou e sempre serei Com a dor de ter um útero conviverei “Um bicho que sangra todo mês não é de Deus” Mas cuidado ao usar uma saia Porque eu não consigo conter o pequeno Zeus “Vai se cobrir sua pirralha!” Engraçado né, sou obrigada a me cobrir Sendo que são os garotos que não sabem como agir Sou obrigada a emagrecer Para assim ser aceita ao você me ver Sou obrigada a sangrar Lavar roupa, a louça, a trabalhar Mas mesmo assim um salário menor receber E nunca igualdade ter Sou mulher sim E a sua opinião nunca vai me mudar Sai pra lá seu macho escroto Vai estudar! Luto pelos meus direitos de igualdade E ainda assim mantenho minha classe Posso até dizer que sou uma super heroína Até mesmo quando uso meia fina Na boca eu passo a linha Sem poder nunca encurtar a minha roupa Oh, vida louca!
eu sai com um cara que me disse que não é triste a última vez que chorou foi há um ano atrás quando o cachorro perdeu as bolas não sei como consegue ou acha isso bom me sinto superior por ter esperneado hoje de manhã porque as linhas não se encaixavam quebrei meu lápis enfiei na minha mão e sou bem melhor que ele por isso ele até nem beija tão bem
Dizem que sou crítica demais, Incisiva demais, Radical demais, Dizem que sou sincera demais, Capaz demais ou incapaz demais, Dizem que a lâmpada importa para a existência dos vagalumes e que minhas verdades só apagam suas luzes, Dizem que importa proteger, que importa garantir, que importa dirimir. Importa dirimir e importa proteger quando não se é o ser na condição de não ser, Importa salvar, importa afagar, O que importa é se sentir afagar no mais íntimo e obscuro sentimento de ser um bom ser. Quantos Rodolfos, Madames George e padres Laporte ainda teremos de ver recriados pelos Eugene Sue até que o todes da classe trabalhadora se reconheça, se fortaleça e se levante em unidade nacional, internacional e anticolonial? Minha crítica lhes ofende, minhas verdades lhes machucam, minhas dores lhes consolam, minhas alegrias lhes consomem. Foda-se! Se não podes compreender a minha luta, se não te dispões a combater as sociedades de classes, não fale em meu nome.
por entre minúsculas faz-me falta sentir as peles moles, duras as rugas entre os dedos, tentando acariciar o tempo em sua pele de pluma. o tempo, as bocarras abertas falam e falam por entre letras minúsculas, sem a pausa do tempo do texto, da voz, do corpo endurecido. faz-me falta o recolhimento da fala diante do gesto da imobilidade do silêncio das plumas, das palavras sem intenções. o movimento de Pietá, meu filho, meu filho, rogai por nós.
O corpo é só um corpo O corpo não é amor Aceitar que é assim e pronto Aceitar e saber onde pôr: Onde pôr o corpo que não tem mais vida, Onde pôr a vida que não tem amor. Onde pôr o amor que o corpo convida, Quando ganha corpo a dúvida, senhor?
A vida é uma dança É bela e cansa Não importa a hora E sim o agora Ela te faz sentir E se perguntar o que vai vir A vida não faz sentido Porém é divertido.
Acho que esbarrei em alguém ou em algo Não sei dizer Nem lembro de acontecer Talvez imaginei? Algo comum do meu ser Talvez esqueci? Isso eu vivo a fazer Um cheiro agradável Esta úmido, esta frio Uma sensação memorável A primeira gota cai Para complementar esse trio Chuva que vem Para relembrar minha essência Corpo que se prendeu Em estado de inercia Mente que vive Em tanta divergência Estou encharcada Enlouquecida e machucada Continuo intocada pela sensatez que faz falta Nem lembrava de estar viva Achava que nela mandava Só sou uma garota perdida Em crise, no meio do nada
Pai nosso escute A minha oração Pai! Desde a minha nascência A minha vida repleta Está de turbulência Mas na tua graça Tenho na minha consciência Que a minha vida Seria uma desgraça Sem a tua benevolência O coração muito dói-me pai O coração muito dói-me Por saber que muito pequei E infelizmente pouco a ti busquei Peço perdão pai Peço perdão Pelos os meus pecados E que não faças menção De toda a minha transgressão Pois tenho dentro de mim Uma alma que muito clama Que a tua palma Sobre a minha vida Continue estendida Oh pai! Nessa triste e curta caminhada Nessa triste e curta caminhada Que é a vida A imundice a mim persegue Mas na tua graça Não me consegue Porque de perseverança O meu coração repleto está E de gratidão o meu cálice transborda E a ti agradeço Pois não mereço Mas tenho Mesmo não merecendo Tenho o teu infinito E ousado amor Mesmo que o mundo Só me transmita dor E o teu amor pai O teu amor É o que faz-me insistir Em persistir, para não desistir De existir, e deixar fluir em mim O teu existir Que o mundo se ajoelhe a ti E que a tua graça resplandeça Com a tua presença Que a esperança exalte a tua força E que ela cresça Nesse mundo cheio de crenças Oh pai! Escute a minha humilde oração Pois ela vem de todo o meu coração
Rua com nome de gente, Gente na rua, sem nome nem lar? Guido, botânico que estudou a vida. Alguém da rua conhecia o Guido?! Não, ninguém! Vidas que o desconhecia. Que viva à rua, que rua hein Frederico! Esconde-esconde, bate-lata, pega-pega, Banho de bica, rabeira de caminhão, troca de figurinhas, Taco e reta: bolinha perdida.... Chute a gol, ou melhor, no portão da “igrejinha”, Golzinho de pedra, futebol de rua- Pabst. Aniversários, festas, quermesses, Na rua João, o povo se entende. Brigas cabeludas, bicos que não se bicam, Na rua Guido Frederico João Pabst o coletivo se cuidava, algo natural. Antes com pouco asfalto e cimento, mas com muita vida e amor. Hoje nem agente nem Guido, rua sem nome e casas sem números!
Em fome serviram o Salvador E quão tribulações que tiveram E quão tribulações que tolheram Em sede serviram o curador Apóstolos de Cristo o pregador E mártires de Cristo morreram E quantos seguidores sofreram E santos no deserto provador Que venha sofrimento repressões Espero no senhor a salvação Estamos no caminho em procissões Seguindo a direção da redenção Se falho reconheço em confissões E firme permaneço na oração
O mundo da criança é doce feito algodão doce! Tem alegria, tem brincadeiras, tem sonhos e fantasia, é cheio de magia! Toda criança merece ser respeitada, merece ser amada e ser muito de feliz!! Criança tem que sonhar, brincar, passear, correr até cansar e depois gargalhar de tão amada que é... Criança é sinônimo de amor!