estou aqui Toca a cantarola Coelhos saem da toca Meus amigos estão azuis Quem são eles? Isso é um peixe Ou é um avião "Você está linda hoje" "Me emprestar seus olhos" O rinoceronte ri Enquanto me empurra pro coqueiro Não entendo o que tanto vê Nessas bainhas de gordura Que tanto lambe Seriam minhocas no meu cabelo? Coça, eu queria coçar Mas meus braços brincam com o rabo do moço "Quem é você??" Doido maluco Corro mas o abismo tá perto Preciso engatinhar Me arranho nos espinhos Não Pernas Onde eu estou? Eu quero ir pra casa Lar de ninguém Prefiro hospitais Gosto de ser cuidada Posso ficar nessa grama? Está tão macia Parece pele Parece abraço Lembra algo que nunca conheci De grandes três portas Onde todos sabem o hino nacional E são engomadinhos Tagarelas Queria ser menos tagarela E falar mais Nesse lar talvez Um dia Seja quem quer que seja eu?
Lá nos pântanos Jazem flores sem cântaros Na companhia dos pássaros Lindos viajantes Lá nos recantos da cidade Onde abunda oxigénio E o gênio da vida Dormem flores sem jardineiros Apenas velhos fazendeiros Que nem sabem o que fazem Lá no coração da floresta No mais profundo vale Jazem muitas flores Clamando por socorro Alimentando-se das pequenas gotas de água E das migalhas de pão que restam em seu lar, Seus olhos brilhantes, Olham aquele nascer do sol radiante, Com um ruído estranho na barriga, Sustentam-se com um sorriso e uma brisa Sentados mais uma vez a rua Cantando como sempre!
a tarde se estende feito um rio canalizado em avenidas perdidas. corredores que emendam esquinas, refúgios, amores vãos, verbos tecidos em lençóis de hotéis baratos. anseios mal intencionados, carregam imensa questão: aqui estamos ainda incertos do que será - manter a forma ou primar a rima? faço as pazes com a dúvida. deixemos tudo no chão, esse acúmulo de luares e palavras infames. versos repetidos habitando nossa boca como uma memória sem ruído. sentença de existir para entender o possível: transformar arte em lugar. quadro que sustente o corpo desvestido de rosto ou nome. DNA da saliva presa numa xícara de café ou na tampa da caneta. quem sabe de nós imersos na cidade a ouvir oráculo das runas? no futuro da hora pisamos sobre as coisas que já não cabem no mundo.
Apesar do olhar vazio, me sinto cheia... Cheia de emoções, de ideias Que teimam, que insistem, que rondam meu ser. Sou tempestade, sou luz, imensidão Minha mente a milhão, não se decide... Afinal, sou noite ou dia? Prefiro pensar que sou uma tarde tarde quente de outono Onde meus pensamentos fluem... Pensamentos plurais, Estou em inúmeros lugares, Sou fluidez, sou vento... Sou várias em meu pensamento. E, assim como as ondas do mar, Vivo um desassossego constante, Queria deixar apenas o vento me levar Quero a utopia, a possibilidade Quero me desprender das crenças De tudo que paralisa De tudo que me impede De sonhar.
não dar nomes as coisas mas tentar: criar palavras para descrever o deitar do sol no rio imaginar o que as maritacas fazem no topo das árvores quando se encontram alvoroçando a linguagem enxergar o rio pingando no céu e fazendo das nuvens relvas contar as libélulas que pairam no tempo perceber que suas asas são douradas talvez roxas desconfiar que o horizonte termine em algum lugar desenhar um poema de (in)finitude imaginar que na verdade tudo isso está no ponto convexo das descrições permanecer no inverso.
A forma da alma é o corpo na qual habita? É contida em espaço real? Se expande em envergadura infinita, Ou se contrai diante do mal? Em que forma pode ser descrita, Em que palavras pode ecoar? Cabe na mente que acredita? Com suas asas pode voar? Abstrata e impalpável vagueia, Como substantivo singular… Mas a vida que a anseia, Aguarda almejante seu despertar!
Tentativas frustradas de retirar o anel do dedo arroxeado A menina e sua arte silenciosa Mãe e crianças assustadas sabão e novas tentativas decepção impotentes socorristas domésticos desespero Até que... o hiperativo teve uma ideia alicate de unha corte do anel - a solução - Anel cortado problema resolvido dedo recuperado Sustos normais
Sempre paramos para pensar Na importância de cada momento Mas não podemos deixar passar O verdadeiro sentimento Nesse lugar onde estamos Tudo é relativo Dias podem parecer anos Pois o pensamento é criativo Nessa vida atraímos Acontecimentos por afinidade Mas temos que escutar o que sentimos Se deixar de agir com bondade Nunca pense que uma pessoa Não tem nada a oferecer Você sabe que essa vida voa Temos tempo a perder? Então escute seu coração Ele é seu maior guia Escute-o e não será em vão Esqueça a agonia O amor está em toda parte Em cada parte, em cada lugar Em tudo o que é “feio”, podemos ver arte Basta mudar a forma de olhar
Desculpe por ser eu? Desculpe por não ser perfeita. Desculpe por não querer apenas sexo. Desculpe por gostar de sexo. Desculpe por não ser somente um corpo, ou, por meu corpo não pertencer a mulher submissa que você deseja. Desculpe por minha essência não corresponder às suas expectativas. Desculpe se falo demais. Desculpe se por vezes sou tímida Desculpe se sou curiosa e se gosto de ser desejada. Desculpe se minha dança é sensual e se essa minha imagem perturba seus sonhos Desculpe por não atender o telefone às 2:49 horas da madrugada só para te ouvir falar do seu desejo por mim. Desculpe se gozo e, por saber que meu gozo depende apenas de mim. Desculpe se moro sozinha e se sou feliz assim. Desculpe se tenho carro e não preciso que venha me buscar e, se ainda assim por vezes queria ser apenas carona. Desculpe se abrir a porta e pagar a conta não é algo que impressione, ou que me deixe confortável. Desculpe? Desculpe por ser sincera demais e te assustar? Desculpe por te assustar com a minha irreverência? Desculpe por ter personalidade? Desculpe por te intimidar? Desculpe por não me preocupar em chamar sua atenção? Desculpe por te fazer perder a paciência? Desculpe, mas a fila andou.
Sinto muito… Sinto ódio, rancor Tédio, pavor do brilho de uma flor Medo da dor, Do prazer do verdadeiro amor Eu sinto o fardo dos oprimidos Os bastardos, os excluídos Mas também sinto alguma angústia Algumas dúvidas, Será que a paz vai bater em minha porta? Será que as barragens da vida trazem comportas? Sinto muito, Sinto o fim do mundo Sinto o peso do submundo Eu sinto muito, Sinto o escuro do cego O silêncio do surdo Quieto como se eu fosse mudo Irmão, sinto muito… Sinto pela perda dos nossos heróis Sentado na praça dos heróis Eu sinto muito, São sentimentos do tipo tormentos Fundamentos sentidos sobre os meus sentidos Sinto muito… Na verdade, Eu sinto que na verdade, Fundamentalmente não sinto nada Sinto um vasio literalmente nadando em nada No panorama da minha existência Dentro da conferência Entre a lógica e a minha consciência Há também abundância de violência Desculpe, eu sinto muito!...
O calor do fogo A fluidez da água Boa moça se dedica Outra face mostra a cara Por um lado, disciplina Do outro, revolta Com seu jeito de menina Sua face mulher comporta Quer fazer tudo direito Mas a mente atrapalha Tudo queima no seu peito O conflito se revela Acorda pensando em casamento Mas a tarde quer curtir só Ve seus sonhos em conflito Confusão de dar dó Se você não decide Vão decidir por você Se te afaga ou te agride Você tem que perceber
Em fome serviram o Salvador E quão tribulações que tiveram E quão tribulações que tolheram Em sede serviram o curador Apóstolos de Cristo o pregador E mártires de Cristo morreram E quantos seguidores sofreram E santos no deserto provador Que venha sofrimento repressões Espero no senhor a salvação Estamos no caminho em procissões Seguindo a direção da redenção Se falho reconheço em confissões E firme permaneço na oração
Encaixotando as coisas Fui organizando minha vida Caixas cheias ou vazias Caixa doada ou caixa vendida Caixas de saudade e de alegria Etiquetando cada uma para identificar Cada coisa, cada momento Cada lembrança tem seu lugar Caixas lotadas de passado Caixas vazias para o futuro Escrito frágil , tome cuidado Caixas pesadas de trabalho duro Arrumando fotos e documentos Livros, filmes, instrumentos musicais Partituras, roupas, aflorando sentimentos Jogando fora papéis e jornais Enfeites, cobertores e travesseiro Toalhas, perfumes caros e baratos Coleções, peças de cozinha e banheiro, Materiais de cursos, bolsas e sapatos. Tudo empilhado e separado Cada coisa em seu lugar Com o objetivo alcançado De abrir espaço para o novo chegar!
Tenho um rosto sou sete faces como gato caço rato e vivo em sapato. Vivi pouco passei por bocados vivi pouco, e teria vivido menos ainda caso o vento voltasse a norte. Dentre veias e artérias sou sangue puro dos guerreiros de família Mas sangue puro é sangue velho E sou inocente, corpo discente que não faz em esmero. Em músculos fortes sou coração fraco. Mas caso queira um petisco saiba que não sou quem gostaria matutei; roubei tempo do sono e sofri em devaneio tentando descobrir quem preferiria de ser Pois poeira voa em ventos certeiros e eu sobrevoo boatos alheios.
Meus sonhos são a repetição do abismo onde meu corpo é lançado e fisgado em loop infinito
Vivia em lápis e caderno Perdida em devaneio. Em verso, em estrofe Nas primaveras e seus restos. Em meia-noite escrita por homem De cunho estrelado Vive a ansiedade alheia Que treme; frio ou calor qualquer Que chora; plenitude ou tristeza atrofiada. Dentre as sete noites terrestres Tornei-às todas minha bagunça, sozinha. A calamidade do inverno Me trancou em pensamentos Pele alguma era pura Suja, suja e suja. Dormi em medo Sem coração nem desfecho. Acordava em angústia Me afastei das rimas. Tornei-me amargor A cabeça era sempre vazia Sem futuro, sem ambições Não tinha esperança no fim do dia Mas nunca deixava de pensar em quartos brancos. Me esgotei: nunca deixei aparentar Me odiei: nunca deixei cicatrizar E era segredo. Mas a vida se remontou em Poemas: verso por verso Estrofes em completo Era falha, mas era poesia. Em primavera renegada, me deixei florir Esquecido por mim O sentimento de se encontrar à beira do mundo. Me deixei levar, e perdi Escrevi em papel velho, amassado Recuperei a cor que fora resistida. Esvaziei o peito Suspirei como brisa Em meio a vida perdida Me achei em ventos adentro.
Escrito após um passeio no Forte de Stº Antonio da Barra Dedico a querida Ana Carmen Costa Dias Gradação, anil a verde, a da Vinci É inimitável em suas paletas Ah! Não poderei ousar descrevê-la Entenderia se também a visse Saia para lá estresse Hoje tu não me tentas Esta paz, não mereces Frente à cena tão lenta A minh’alma purifico nos rochedos Feito cada lavadeira do Cortiço Se cá vim dividido, pleno me vejo A vista nublada, límpida O corpo antes pesadiço Com estes olhos, levita. 04/12/2020 | Salvador, BA
Quando penso em você, me lembro de todas as maravilhas existentes no universo. Lembro que você, é a razão de tudo que eu sempre gostei, você é um pouco de cada maravilha do mundo. Você está na música, na arte, no sol, no mar, na lua, na natureza, na compaixão e empatia pelo próximo e na sede por justiça. Você sempre foi e será minha inspiração e força diária, eu te amo imensamente... Feito e dedicado ao meu grande amor Beto Firmino
Quando fumava, evocava memórias antigas: algumas feitas de ferro, pressionavam a parte fina do coração. Memórias em brasa, desejava extirpá-las a cada tragada, mas parecia injetá-las. E quando fumava, a cada baforada, percebia que não esquecia a tristeza. E quando apagava o cigarro, o esquecimento não tomava a forma da fumaça. E não se apagava. Assim se despedia do que nem sabia, à mercê do rio da vida, que deságua no esquecimento e num dia que não me lembro.
Com ele, já passei manhãs completas. Por mim, e ele também, não haveria qualquer intromissão que afastaria seu corpo dos meus braços. Pois que seta! Cupido fez questão (e não faria?) de unir o pleno oposto em linha reta. O amor só se interessa em mãos abertas - num gesto de prazer, ou de euforia... Fiquei como lhe haurindo o tempo todo, e as mãos tão firmes dele me tocando... Eu disse, por mostrar o meu intento: "Querido, a timidez é só um engodo!" E enquanto o seu rostinho foi corando, eu fiz amor com ele em pensamento.