Overdose de pensamentos

GOMA Gerar poema da máquina
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estou aqui
Toca a cantarola 
Coelhos saem da toca
Meus amigos estão azuis
Quem são eles?
Isso é um peixe 
Ou é um avião 
"Você está linda hoje"
"Me emprestar seus olhos"
O rinoceronte ri
Enquanto me empurra pro coqueiro 
Não entendo o que tanto vê
Nessas bainhas de gordura 
Que tanto lambe
Seriam minhocas no meu cabelo?
Coça, eu queria coçar 
Mas meus braços brincam com o rabo do moço 
"Quem é você??"
Doido maluco
Corro mas o abismo tá perto
Preciso engatinhar
Me arranho nos espinhos
Não
Pernas
Onde eu estou?
Eu quero ir pra casa 
Lar de ninguém 
Prefiro hospitais 
Gosto de ser cuidada 
Posso ficar nessa grama?
Está tão macia
Parece pele
Parece abraço
Lembra algo que nunca conheci
De grandes três portas
Onde todos sabem o hino nacional
E são engomadinhos 
Tagarelas
Queria ser menos tagarela
E falar mais
Nesse lar talvez 
Um dia
Seja quem quer que seja
eu?
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Olhos de flor

Hélder Ngulele Gerar poema da máquina
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  •        
Lá nos pântanos
Jazem flores sem cântaros
Na companhia dos pássaros
Lindos viajantes

Lá nos recantos da cidade
Onde abunda oxigénio
E o gênio da vida
Dormem flores sem jardineiros
Apenas velhos fazendeiros
Que nem sabem o que fazem

Lá no coração da floresta
No mais profundo vale
Jazem muitas flores
Clamando por socorro
Alimentando-se das pequenas gotas de água
E das migalhas de pão que restam em seu lar,
Seus olhos brilhantes,
Olham aquele nascer do sol radiante,
Com um ruído estranho na barriga,
Sustentam-se com um  sorriso e uma brisa
Sentados mais uma vez a rua
Cantando como sempre!
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SIGNOS DE PASSAGEM

Sidnei Olivio Gerar poema da máquina
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  •        
a tarde se estende 
feito um rio canalizado 
em avenidas perdidas. 

corredores que emendam
esquinas,  refúgios,
amores vãos, 

verbos tecidos em lençóis 
de hotéis baratos.
anseios mal intencionados, 

carregam imensa questão:
aqui estamos ainda 
incertos do que será - 

manter a forma 
ou primar a rima?
faço as pazes com a dúvida. 

deixemos tudo no chão,
esse acúmulo de luares
e palavras infames. 

versos repetidos 
habitando nossa boca
como uma memória sem ruído. 

sentença de existir 
para entender o possível:
transformar arte em lugar. 

quadro que sustente
o corpo desvestido 
de rosto ou nome. 

DNA da saliva presa
numa xícara de café
ou na tampa da caneta. 

quem sabe de nós 
imersos na cidade
a ouvir oráculo das runas? 

no futuro da hora
pisamos sobre as coisas
que já não cabem no mundo.
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Utopia

Helena Andrade Gerar poema da máquina
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  •        
Apesar do olhar vazio, me sinto cheia...
Cheia de emoções, de ideias
Que teimam, que insistem, que rondam meu ser. 
Sou tempestade, sou luz, imensidão 
Minha mente a milhão, não se decide...
Afinal, sou noite ou dia?

Prefiro pensar que sou 
uma tarde tarde quente de outono
Onde meus pensamentos fluem...
Pensamentos plurais, 
Estou em inúmeros lugares,
Sou fluidez, sou vento...
Sou várias em meu pensamento. 

E, assim como as ondas do mar,
Vivo um desassossego constante,
Queria deixar apenas o vento me levar 
Quero a utopia, a possibilidade 
Quero me desprender das crenças 
De tudo que paralisa 
De tudo que me impede
De sonhar.
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desobrigações

Mariana Reis Gerar poema da máquina
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  •        
não dar nomes as coisas

mas tentar:
criar palavras para
descrever o deitar do sol no rio

imaginar o que as maritacas fazem 
no topo das árvores
quando se encontram alvoroçando a
linguagem

enxergar o rio pingando no céu
e fazendo das nuvens
relvas

contar as libélulas que pairam
no tempo
perceber que suas asas
são douradas
talvez roxas

desconfiar que o horizonte
termine em algum lugar

desenhar um poema
de (in)finitude

imaginar que
na verdade tudo isso
está no ponto convexo das
descrições

permanecer no
inverso.
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A forma da alma é o corpo na qual habita?
É contida em espaço real? 
Se expande em envergadura infinita,
Ou se contrai diante do mal?
Em que forma pode ser descrita,
Em que palavras pode ecoar?
Cabe na mente que acredita?
Com suas asas pode voar?
Abstrata e impalpável vagueia,
Como substantivo singular…
Mas a vida que a anseia,
Aguarda almejante seu despertar!
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Coisas de criança

Sonia Salim Gerar poema da máquina
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  •        
Tentativas frustradas de retirar o anel
do dedo arroxeado
A menina
e sua arte silenciosa
Mãe e crianças assustadas
sabão e novas tentativas
decepção
impotentes socorristas domésticos
desespero
Até que...
o hiperativo teve uma ideia
alicate de unha
corte do anel
- a solução -
Anel cortado
problema resolvido
dedo recuperado
Sustos normais
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Tempo movimento

Carol Aspen Gerar poema da máquina
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  •        
Sempre paramos para pensar
Na importância de cada momento
Mas não podemos deixar passar
O verdadeiro sentimento

Nesse lugar onde estamos
Tudo é relativo
Dias podem parecer anos
Pois o pensamento é criativo

Nessa vida atraímos
Acontecimentos por afinidade
Mas temos que escutar o que sentimos
Se deixar de agir com bondade

Nunca pense que uma pessoa
Não tem nada a oferecer
Você sabe que essa vida voa
Temos tempo a perder?

Então escute seu coração
Ele é seu maior guia
Escute-o e não será em vão
Esqueça a agonia

O amor está em toda parte 
Em cada parte, em cada lugar
Em tudo o que é “feio”, podemos ver arte
Basta mudar a forma de olhar
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Aos homens da minha vida

Anala Negra Gerar poema da máquina
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  •        
Desculpe por ser eu?
Desculpe por não ser perfeita.
Desculpe por não querer apenas sexo.
Desculpe por gostar de sexo.
Desculpe por não ser somente um corpo, ou,
por meu corpo não pertencer a mulher submissa que você deseja.

Desculpe por minha essência não corresponder às suas expectativas.
Desculpe se falo demais.
Desculpe se por vezes sou tímida
Desculpe se sou curiosa e se gosto de ser desejada.
Desculpe se minha dança é sensual e se essa minha imagem perturba seus sonhos
Desculpe por não atender o telefone às 2:49 horas da madrugada só para te ouvir falar do seu desejo por mim.
Desculpe se gozo e,
por saber que meu gozo depende apenas de mim.
Desculpe se moro sozinha e se sou feliz assim.
Desculpe se tenho carro e não preciso que venha me buscar e,
se ainda assim por vezes queria ser apenas carona.
Desculpe se abrir a porta e pagar a conta não é algo que impressione,
ou que me deixe confortável.
Desculpe?
Desculpe por ser sincera demais e te assustar?
Desculpe por te assustar com a minha irreverência?
Desculpe por ter personalidade?
Desculpe por te intimidar?
Desculpe por não me preocupar em chamar sua atenção?
Desculpe por te fazer perder a paciência?
Desculpe, mas a fila andou.
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Sinto muito… 
Sinto ódio, rancor
Tédio, pavor do brilho de uma flor
Medo da dor, 
Do prazer do verdadeiro amor
Eu sinto o fardo dos oprimidos
Os bastardos, os excluídos
Mas também sinto alguma angústia
Algumas dúvidas,
Será que a paz vai bater em minha porta?
Será que as barragens da vida trazem comportas?
Sinto muito,
Sinto o fim do mundo
Sinto o peso do submundo
Eu sinto muito,
Sinto o escuro do cego
O silêncio do surdo
Quieto como se eu fosse mudo
Irmão, sinto muito…
Sinto pela perda dos nossos heróis
Sentado na praça dos heróis
Eu sinto muito,
São sentimentos do tipo tormentos
Fundamentos sentidos sobre os meus sentidos
Sinto muito…
Na verdade,
Eu sinto que na verdade,
Fundamentalmente não sinto nada
Sinto um vasio literalmente nadando em nada
No panorama da minha existência
Dentro da conferência
Entre a lógica e a minha consciência
Há também abundância de violência
Desculpe, eu sinto muito!...
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Conflito

Carol Aspen Gerar poema da máquina
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  •        
O calor do fogo
A fluidez da água
Boa moça se dedica
Outra face mostra a cara

Por um lado, disciplina
Do outro, revolta
Com seu jeito de menina
Sua face mulher comporta

Quer fazer tudo direito
Mas a mente atrapalha
Tudo queima no seu peito
O conflito se revela

Acorda pensando em casamento
Mas a tarde quer curtir só
Ve seus sonhos em conflito 
Confusão de dar dó

Se você não decide
Vão decidir por você
Se te afaga ou te agride
Você tem que perceber
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Em fome serviram o Salvador

Patrick Zapata Gerar poema da máquina
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  •        
Em fome serviram o Salvador
E quão tribulações que tiveram
E quão tribulações que tolheram
Em sede serviram o curador

Apóstolos de Cristo o pregador
E mártires de Cristo morreram
E quantos seguidores sofreram
E santos no deserto provador

Que venha sofrimento repressões
Espero no senhor a salvação
Estamos no caminho em procissões

Seguindo a direção da redenção
Se falho reconheço em confissões
E firme permaneço na oração
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Encaixotar

Andréa Garcia Gerar poema da máquina
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  •        
Encaixotando as coisas
Fui organizando minha vida 
Caixas cheias ou vazias
Caixa doada ou caixa vendida
Caixas de saudade e de alegria
Etiquetando cada uma para identificar
Cada coisa, cada momento
Cada lembrança tem seu lugar
Caixas lotadas de passado
Caixas vazias para o futuro
Escrito frágil , tome cuidado
Caixas pesadas de trabalho duro
Arrumando fotos e documentos
Livros, filmes, instrumentos musicais 
Partituras, roupas, aflorando sentimentos 
Jogando fora papéis e jornais
Enfeites, cobertores e travesseiro 
Toalhas, perfumes caros e baratos
Coleções, peças de cozinha e banheiro,
Materiais de cursos, bolsas e sapatos.
Tudo empilhado e separado 
Cada coisa em seu lugar
Com o objetivo alcançado 
De abrir espaço para o novo chegar!
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Inocente

Ricardo H. Gerar poema da máquina
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  •        
Tenho um rosto
sou sete faces
como gato
caço rato e vivo em sapato. 
Vivi pouco
passei por bocados
vivi pouco, e
teria vivido menos ainda
caso o vento voltasse a norte. 
Dentre veias e artérias 
sou sangue puro
dos guerreiros de família
Mas sangue puro é sangue velho
E sou inocente, corpo discente que não faz em esmero.
Em músculos fortes
sou coração fraco. 
Mas caso queira um petisco 
saiba que não sou quem gostaria
matutei; roubei tempo do sono
e sofri em devaneio
tentando descobrir 
quem preferiria de ser
Pois poeira voa em ventos certeiros
e eu sobrevoo boatos alheios.
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Meus sonhos são 
a repetição 
do abismo 
onde meu corpo 
é lançado 
e fisgado
em loop
infinito
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Em primavera renegada

Ricardo H. Gerar poema da máquina
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  •        
Vivia em lápis e caderno
Perdida em devaneio.
Em verso, em estrofe
Nas primaveras e seus restos.

Em meia-noite escrita por homem
De cunho estrelado
Vive a ansiedade alheia
Que treme; frio ou calor qualquer
Que chora; plenitude ou tristeza atrofiada. 
Dentre as sete noites terrestres
Tornei-às todas minha bagunça, sozinha.

A calamidade do inverno
Me trancou em pensamentos
Pele alguma era pura
Suja, suja e suja.
Dormi em medo
Sem coração nem desfecho.
Acordava em angústia
Me afastei das rimas.

Tornei-me amargor
A cabeça era sempre vazia
Sem futuro, sem ambições
Não tinha esperança no fim do dia
Mas nunca deixava de pensar em quartos brancos.
Me esgotei: nunca deixei aparentar
Me odiei: nunca deixei cicatrizar
E era segredo.

Mas a vida se remontou em
Poemas: verso por verso
Estrofes em completo
Era falha, mas era poesia.
Em primavera renegada, me deixei florir
Esquecido por mim
O sentimento de se encontrar à beira do mundo.
Me deixei levar, e perdi

Escrevi em papel velho, amassado
Recuperei a cor que fora resistida.
Esvaziei o peito
Suspirei como brisa
Em meio a vida perdida
Me achei em ventos adentro.
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Escrito após um passeio no Forte de Stº Antonio da Barra
Dedico a querida Ana Carmen Costa Dias

Gradação, anil a verde, a da Vinci
É inimitável em suas paletas
Ah! Não poderei ousar descrevê-la
Entenderia se também a visse

Saia para lá estresse
Hoje tu não me tentas
Esta paz, não mereces
Frente à cena tão lenta

A minh’alma purifico nos rochedos
Feito cada lavadeira do Cortiço
Se cá vim dividido, pleno me vejo

A vista nublada, límpida
O corpo antes pesadiço
Com estes olhos, levita.

04/12/2020 | Salvador, BA
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Quando Penso em você

Luciane Peixinho de Souza Gerar poema da máquina
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  •        
Quando penso em você, me lembro de todas as maravilhas existentes no universo.

Lembro que você, é a razão de tudo que eu sempre gostei, você é um pouco de cada maravilha do mundo.

Você está na música, na arte, no sol, no mar, na lua, na natureza, na compaixão e empatia pelo próximo e na sede por justiça.

Você sempre foi e será minha inspiração e força diária, eu te amo imensamente...

Feito e dedicado ao meu grande amor Beto Firmino
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Sobre o cigarro e o esquecimento

Elieni Caputo Gerar poema da máquina
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  •        
Quando fumava, evocava memórias antigas: algumas feitas de ferro, pressionavam a parte fina do coração. Memórias em brasa, desejava extirpá-las a cada tragada, mas parecia injetá-las. 
E quando fumava, a cada baforada, percebia que não esquecia a tristeza. E quando apagava o cigarro, o esquecimento não tomava a forma da fumaça. 
E não se apagava.
Assim se despedia do que nem sabia, à mercê do rio da vida, que deságua no esquecimento e num dia que não me lembro.
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Amor de um Tímido

Henrique Vitorino Gerar poema da máquina
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  •        
Com ele, já passei manhãs completas.
Por mim, e ele também, não haveria
qualquer intromissão que afastaria
seu corpo dos meus braços. Pois que seta!

Cupido fez questão (e não faria?)
de unir o pleno oposto em linha reta.
O amor só se interessa em mãos abertas -
num gesto de prazer, ou de euforia...

Fiquei como lhe haurindo o tempo todo,
e as mãos tão firmes dele me tocando...
Eu disse, por mostrar o meu intento:

"Querido, a timidez é só um engodo!"
E enquanto o seu rostinho foi corando,
eu fiz amor com ele em pensamento.
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